quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A coragem da mudança

No último debate, em que enfrentou Manuela Ferreira Leite, Sócrates falou de algo muito importante: que, podendo ter cometido erros, o que este Governo nunca fez foi cair no erro de não fazer nada, de deixar tudo como estava.

Vejamos três exemplos que ilustram essa atitude, todos eles situados no domínio da Educação. As Novas Oportunidades, a generalização dos computadores portáteis e a avaliação dos professores.

O Governo podia não ter feito nada. Não havia nenhuma pressão social ou política para a execução de uma destas três medidas: eram temas fora da agenda ou, se dentro dela, claramente na sua periferia; temas acessórios, pouco centrais. Mas o Governo teve a coragem de fazer, teve a coragem da mudança. Teve a coragem de avançar com a formação para aqueles que não tinham tido oportunidade, nas suas vidas, de prosseguir os estudos; teve a coragem de aumentar a igualdade de oportunidades a nível das tecnologias educativas; e teve a coragem de terminar com a injustiça que era a total ausência de avaliação de uma inteira classe profissional.

Cometeu erros? Claro que o Governo cometeu erros. Há cursos das Novas Oportunidades que devem ser melhorados, há novas formações de professores e alterações programáticas a fazer em torno da universalização dos computadores portáteis (um sonho que há alguns anos seria apelidado de ficção científica mas que hoje é a verdade quotidiana: um computador por criança), e há que melhorar o modelo de avaliação do corpo docente, ou ao menos encontrar melhores vias para o diálogo com este último.

É impossível que uma medida, qualquer que ela seja, atinja o nível da perfeição, ou da ausência de erros significativos, nos primeiros anos em que é implementada. Perante este facto, há duas opções: ter uma atitude de bloqueio, de bota-abaixo, de imobilismo, nada fazer e desprezar os avanços feitos em prol da sobrevalorização dos erros naturais e compreensíveis, próprios de qualquer inovação; ou apostar na mudança, sabendo que não há evolução sem erros e a sua consequente correção, enfrentando com coragem o futuro, com a consciência da importância da mudança e da inevitável imperfeição do ser humano. Está claro que atitude escolheu a oposição, com a sua negação em reconhecer qualquer mérito ao Governo nas históricas mudanças implementadas. E também é clara a atitude que o Governo escolheu, com a coragem que assumiu as mudanças no País e com a humildade com que se compromete a aperfeiçoar as medidas tomadas, incontornavalmente imperfeitas dado o quão diferentes e inovadoras foram em relação ao passado.

De um lado, a oposição da crítica sem alternativa, da crítica pela crítica. Do outro lado, no Partido Socialista, a coragem da mudança.

(mais uma vez, também aqui)

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